Paróquia São Francisco de Assis - Umuarama PR
Artigos de Frei Fabiano Zanatta, OFMcap
27.Fev - Ele separará uns dos outros
Aumentar Fonte +
Diminuir Fonte -
Ele separará uns dos outros


      O texto do evangelho da liturgia de hoje nos é bastante conhecido. Jesus, no meio do seu grupo, olhava o futuro distante e dizia: “Quando o Filho do Homem, vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso” (Mt 25,31). Jesus aponta para o futuro, onde ele não é mais apenas o “carpinteiro de Nazaré... que sobe o monte carregando a cruz” ()... Agora, ele é reconhecido como o “Filho do Homem”, o vitorioso, glorificado, e assim se revelará “assentado em seu trono glorioso”...


      Esse “Filho do Homem” não tem concorrentes, porque ele foi o vencedor no jogo da cruz “tendo amado os seus, amou-os até o fim” (Jo  ). Amou Filipe... Pedro, que o negara... o bom Ladrão, ao pé da cruz... e também lavou os pés a Judas Iscariotes, que não se deixou amar...


    E haverá uma convocação, há um “Vinde, benditos de meu Pai...!” Antes houve uma convocação: “Se você quiser me seguir...” (). E então, agora chegou o ponto final da caminhada... nessa estrada houve imprevistos, gente acidentada:, 1)-faminta, 2)-sedenta, 3)-nua, 4)-doente, 5)-presos e 6)- estrangeiros...


    Por vezes, algum guarda de  florestas anda disfarçado, para capturar o ladrão... E aqui, o Senhor também se enfeitou de “rei de circo” no Calvário... mas era ele mesmo o “Filho unigênito” que revelava o Pai: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”... e agora, no final da história, há o “vinde, benditos do meu Pai...” o Filho apresenta ao Pai o fruto do seu trabalho, aqueles que se deixaram amar carregando a cruz de cada dia... acertaram, alcançaram  a meta.


   É muito reveladora a frase: “Se você quiser me seguir...” Ninguém é obrigado a ganhar um diploma... mas na formatura, com o diploma, revela seu novo status social. Assim, nesta formatura do “Vinde, benditos de meu Pai”... só entra quem quis ou quer...


  Então, quem  não quis entrar, não vai ouvir um “bendito de meu Pai...”... de alguma forma se realiza o “muitos são os chamados e poucos os escolhidos”... Então, quem vai para as festanças, e não planta, na hora da colheita, não colhe, vai passar fome. Quem não tem diploma de formatura na escola do amor do Senhor não entra na comunidade dos vencedores... e então, haverá um “afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo “ (v.41)... Deus não condena ninguém... nesse instante derradeiro  Deus confere o passaporte e indica a meta que cada qual escolheu...



    O que o evangelho propõe, hoje,  está ao alcance de todos, ricos e pobres, pescadores e sábios... tudo é questão de inteligência e captação de valores... o que vale mais, ou o que vale menos... o que é bom agora, e logo acaba..., ou aquilo que dá trabalho, e dura... um diploma dura, um troféu é uma conquista... A pinga dura um instante....



Salmo 85.       85


   O salmista tem diante dos olhos, os judeus que retornavam do longo exílio babilônico, perto de setenta anos... quer dizer, quem para lá foi com meia idade, já não retornou... vieram os filhos e netos...


   O salmo 85, em parte é uma oração de agradecimento, de ação de graças a Deus que fez o seu povo retornar à “Terra Prometida”, mas, sobretudo, é uma súplica  pela paz, pela santidade de vida, para louvar a Deus no dia a dia, e não somente no Templo... lá no exílio não havia Templo, e então, foi um tempo de aprendizado, uma nova espiritualidade, mais fraternidade.


   O que se pode captar na súplica é uma busca de relação mais intensa com Deus, o povo que deseja se “aliar” com Deus, recuperando,  a Aliança quebrada pelo pecado, pela infidelidade.   


   Deus dá uma nova chance “fizestes voltar os  cativos de Jacó” (v.2), e isso não foi apenas uma ação política, mas  realmente a possibilidade de uma “nova aliança”, porque “porque perdoaste a iniquidade do teu povo, encobriste todo o seu pecado” (v.3).


   A tônica do salmo, é realmente muito expressiva, um pouco como o filho fugitivo que se encontra com o pai ao retornar... e o pai fala com autoridade, e o filho aprende ser filho ouvindo com atenção a merecida reprimenda... uma reprimenda que não é apenas um castigo, mas um augúrio de mudança de comportamento.


  Os profetas do exílio, sobretudo Jeremias, Malaquias, foram os porta-vozes dessas admoestações paternas de Deus ao seu povo.


    Deus prometera a Abraão uma descendência numerosa – muitos filhos =  e uma terra, propriedade real, permanente, e não chão de peregrinos... Mas, ao povo cabia fazer a parte que lhe competia nessa Aliança com os céus,  ou seja, permanecer na amizade com Deus, na graça de Deus. Essas condições  Moisés, Josué, e outros tinham acolhido, e observado.


   Mas, o povo não soube fazer a parte que lhe competia... e durante séculos, Deus enviara profetas, avisando-os do caminho a seguir. Mas, o povo permaneceu  iludido na auto-suficiência... e consequentemente foi parar no exílio... Mas, o povo permaneceu desatento ao perigo, praticando a idolatra.. A misericórdia de Deus foi se prolongando por décadas, e por fim a paciência de Deus acabou... o povo foi para o cativeiro, o chamado “cativeiro da Babilônia”


     Contudo, um  pai, se é pai, que ama o filho, não conserva o rancor no coração, mas acolhe o filho, e este sentindo-se acolhido, perdoado.


   Então, os exilados, um dia, puderam voltar para a “Terra Prometida”, que ficara abandonada, habitada por camponeses pobres que, no momento do exílio, não serviriam para nada na Babilônia..


    O decreto do rei Ciro, persa, que derrotara os babilônias, autorizava o retorno à Jerusalém, a restaurar Israel, que estava em ruínas, pelo abandono durante uns setenta anos. E é isso que rezamos nos primeiros vv. 1-3:  “Favorecestes... fizestes voltar os cativos de Jacó, perdoaste a iniquidade do teu povo, encobriste todo seu pecado”.


   E agora, que chegaram à “pátria amada?” ... A primeira coisa foi agradecer a libertação, mas ao mesmo tempo, reconhecer o Senhor, como o único Deus, e pedir a salvação para o povo que voltava e se reintegrava com os que permaneceram na Palestina, (vv.4-7).


  A reconstrução não foi uma obra imediata, rápida. Havia a pobreza dos que ali viviam, e a pobreza dos que retornavam da Babilônia... porque, os que lá se enriqueceram, não quiseram voltar.


   Assim, a reconstrução da cidade, do templo, levou décadas....e na reconstrução do Templo todos participavam, os pobres que retornaram do exílio... foi uma obra de dedicação e fidelidade de quem era povo. Tal reconstrução ocorreu no tempo de Esdras, Ageu, Zacarias, Neemias e Malaquias.


  E importa lembrar ainda outras dificuldades, ou seja, as ameaças dos inimigos que tiveram que desocupar a cidade.. havia muita maldade entre os povos vizinhos... mas os profetas lembravam que a maior dificuldade ainda era a falta de fé do povo de Deus.


   Mas, aos poucos o Tempo foi reconstruído. “Ele fala de paz ao seu povo, aos seus fiéis, para que não voltem à insensatez” (v.9). E explicita ainda mais: :”Sua salvação está próxima dos que o temem, e a Glória habitará em nossa terra” (v.10)... apontando para a Gruta de Belém: “Glória a Deus nas alturas... paz na terra aos homens amados por Deus” (cf. )...


   E assim, naquela noite de Belém   nós vimos que o “Amor e a Verdade s encontram, Justiça e paz se abraçam, da terra brotará a Justiça  se inclinará dos céus (v.11-12).


   E lembrando o Gênesis, em  que o homem devera tirar o alimento da terra,  com o “suor do rosto”, aqui, na contramão anuncia-se uma “nova terra” em que a “justiça caminhará à sua frente, com seus passos traçará um cainho” (v.14).



 Séculos após, o império romano estava em paz. Os pastores estavam em paz... na gruta de Belém, um casal estava em paz... mas, os anjos tiraram a paz: “Uma grande notícia vos dou...o Esperado nasceu!”.



 


 



Fonte: Frei Fabiano Zanatta, OFMCap

Frei Fabiano Zanatta, OFMcap

Frei Fabiano Zanatta, OFMcap

Frei Fabiano Zanatta, OFMcap

Indique a um amigo
 
 
 

4436226595   contato@matrizsaofrancisco.com.br
Rua Cambé 4240

Paróquia São Francisco de Assis - Umuarama PR